Tchékhov em um Acto
Na noite de Sábado fui ao teatro. Para ser sincero já não o fazia há bastante tempo e posso já dizer que são iniciativas como esta que despertam as pessoas para uma área abandonada pelo público português, actualmente mais virado para as (comerciais) salas de cinema. O espectáculo é produzido pelo GATT e intitula-se "Tchékhov em um Acto". Esta peça encontra-se inserida no projecto de formação de amadores de teatro de 2007, liderado pela Direcção Regional da Cultura do Centro e supervisonado pela Escola da Noite. O espectáculo é composto por duas cenas, "O Trágico à Força" e "Os Malefícios do Tabaco", tendo uma duração aproximada de apenas 45 minutos. Para mais informações podem consultar esta ficha técnica. Terminadas as apresentações formais posso afirmar que foi um momento muito bem passado e não consigo compreender a razão pela qual não estava presente mais público, ainda por cima usufruindo de entrada gratuita. Gostei do texto e do desempenho de Fernando da Helena em "Os Malefícios do Tabaco", mas é indescutível que o personagem mais interessante e divertido é Tolkátchov, desempenhado por Rafael Videira em "O Trágico à Força". Sinceramente fiquei tão seduzido pela infeliz, trágica e, ao mesmo tempo, divertida vida deste personagem como pelo excelente trabalho do actor que lhe deu vida. Quando no final se acenderam novamente as luzes o sentimento era que noites como esta têm que ser mais vezes repetidas no futuro. Para quem ainda gostaria de ver esta peça posso sugerir a visita ao Centro Cultural Recreativo em Arzila, pelas 21:30 na data de 26 de Maio. Só posso finalizar com o voto que todos vejam mais teatro e, principalmente, que o sintam da mesma forma que as pessoas que lhe dedicam uma grande parte das suas vidas.
Rafael, muitos parabéns pelo impressionante desempenho! Agora fico à espera do teu comentário... ;)
Obrigado Hugo por teres ido ao teatro.
A alegria de qualquer pessoa que dedica com prazer grande parte do seu tempo livre ao teatro, sem remuneração, é sem dúvida a presença de espectadores na plateia. No sábado marcaste presença e levaste companhia, o que já é mais que suficiente para te agradecer, mas excedes expectativas ao afirmar que gostaste tanto que redescobriste o prazer de ires ver teatro. Isso sim, concretiza os objectivos que me motivam a fazer teatro.
Adoro estar em cima do palco, da expectativa, dos nervos, medo, ansiedade que se manifesta com um arrepio na espinha e contracção dos músculos intestinais (vulgo dor de barriga) antes de entrar em cena, adoro sentir aquela sensação de redoma de vidro no qual o palco se transforma. Nesses momentos não existe mais nada, sou eu, a história e as outras personagens. O teatro não se limita ao prazer pessoal do actor mas também na possibilidade da redoma alargar, acolher o público, sentir que o que estamos a fazer tem acção directa no espectador, fazer alguém sentir ou pensar algo que a rotina do quotidiano não permite, essa sim é a magia do teatro que eu sinto e parece-me que voltaste a sentir.
Não conheço melhor sentimento do que receber em palco os aplausos de uma plateia satisfeita com um desempenho que levou imenso esforço e dedicação a preparar, é a conclusão desejada, reconhecimento, do público para com os envolvidos na "mise en scene" e dos membros do grupo ou companhia de teatro para com o público que se deslocou para assistir a uma peça de teatro.
A forma como apresento o teatro, remete para um sentimento pessoal, do indivíduo mas de facto é. O prazer do teatro é individual mas partilhado por um conjunto de pessoas que sentem e se manifestam de formas muito diferentes. O sentimento de si, inserido num colectivo sem perder a sua individualidade.
Adoro fazer parte do GATT, das pessoas que o formam. Adoro o público que temos vindo a acolher, apesar de, na noite de sábado ser pequeno em número mas muito bem representado. Somos um pequeno grupo com muito amor ao teatro, confiantes no progresso e no seu crescimento, em qualidade e no público que o visita.
E é por tudo isto que, enquanto membro do GATT te digo, obrigado por divulgares a peça e bem-vindo Hugo, à bela relação de reciprocidade que é o Teatro.
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